quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO


                     Além das redes de colaboração


Identificação da obra:
Pretto, Nelson De Luca. Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e
tecnologias do poder / Nelson De Luca Pretto, Sérgio Amadeu da Silveira : organizadores. – Salvador: EDUFBA, 2008. 232 p.


Credenciais da autoria:

Nelson de Luca Pretto é brasileiro. Graduou-se em Física pela Universidade Federal da Bahia. Obteve o grau de mestre em Educação na Universidade Federal da Bahia; doutorou-se pela Universidade de São Paulo e pós – doutorou-se pela University of London na Inglaterra.
Dentre as obras publicadas ressaltamos: Uma escola sem/com futuro -educação e multimídia e a ciência nos livros didáticos

Sérgio Amadeu da Silveira é um sociólogo brasileiro, geralmente lembrado como dfensor e divulgador do Software Livre e da Inclusão digital no Brasil.Foi um dos grandes implementadores dos telecentro na America Latina e presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação.Sérgio Amadeu é doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo, atualmente, é professor da Universidade Feeral do ABC(UFABC).

Apresentação da obra:

 Livro lançado pela Editora da Universidade Federal da Bahia, foi organizado pelos professores Sérgio Amadeu da Silveira (Cásper Líbero - SP) e Nelson Pretto (Faculdade de Educação da UFBA) como resultado de seminários realizados pela Casa de Cinema de Porto Alegre em parceria com a Associação Software Livre, ocorridos no segundo semestre de 2007, como parte do Programa Cultura e Pensamento do Ministério da Cultura.
Reunindo acadêmicos de várias áreas do conhecimento, ativistas e artistas, “Além das Redes de Colaboração” trabalha a contradição entre as possibilidades de criação e disseminação culturais inerentes às redes informacionais e as tentativas de manter a inventividade e a interatividade sob o controle dos velhos modelos de negócios construídos no capitalismo industrial. O livro pretende jogar luz sobre essas batalhas biopolíticas para decifrar as disputas sociotécnicas em torno da definição de códigos, padrões e protocolos.                                                                                                             Por isso, as tecnologias da informação e da comunicação foram avaliadas em suas dimensões mais importantes. As explicações nascidas da matriz do pensamento único, a qual procura esconder suas determinações histórico-sociais sob o discurso de uma racionalidade neutra, foram confrontadas com aquelas que pretendem dar transparência aos processos e politizar o debate sobre tais dimensões tecnológicas e sobre as históricas relações entre a ciência, o capital e o poder.
  
Descrição da obra:
O livro possui 232 páginas organizadas em doze ensaios , cinco depoimentos e uma  entrevista de autores diversos que estão distribuídos na seguinte ordem:

Ensaios:

Imre Simon | Miguel Said Vieira  
O ROSSIO NÃO-RIVAL

Neste capítulo o autor define rossio não-rival com um conjunto de recursos utilizados em comum por uma determinada comunidade, também conhecido como commons. Trazendo também a definição de rossio segundo o dicionário Houaiss como: “um terreno ou largo bastante espaçoso; grande praça”, ou um terreno roçado e usufruído em comum.
Segundo o autor um rossio não-rival, portanto, é um conjunto de bens ou recursos não-rivais (isto é, que podem ser utilizados simultaneamente por mais de uma pessoa) e que são utilizados em comum por uma determinada comunidade. O autor assinala dois tipos de rossio sendo bastante distintas: o rossio rival que se caracteriza pela escassez, e o rossio não-rival que se caracteriza (ao menos potencialmente) pela abundância.
O autor trás como exemplo de rossio não-rival a Língua Portuguesa, a qual segundo ele não é reconhecida como o mesmo, assinalando que os rossios não-rivais estão entre nós desde muito tempo atrás, mas aparentemente foram ignorados pela academia, ou simplesmente não foram notados nesses termos. Mas, desde o século 20, eles têm adquirido uma relevância cada vez maior e possuem uma íntima relação com as transformações sociais, tecnológicas e culturais que vivemos hoje.                                  A seguir o autor Aborda a relação entre essas transformações e os rossios não-rivais por meio de atos. Inicialmente tenta realçar como a tecnologia viabiliza implementações inovadoras de rossios não-rivais; isso ocorrendo por meio do computador pessoal, que barateia a reprodução e facilita o processamento e a automatização de tarefas ligadas aos bens do rossio, e por meio da rede, que facilita e barateia a disseminação desses bens. E por fim o autor aborda a recente reflexão da  academia que tem sido dirigida a esses fenômenos, e a importância cada vez maior de politizar a discussão sobre o assunto e trazê-la para a esfera pública.

Sérgio Amadeu da Silveira
Convergência digital, diversidade cultural e esfera pública

Nesse texto o autor procura mostrar que o processo de intensiva digitalização, resultante da revolução informacional, culminou em um cenário de convergência que está reorganizando a produção, o desenvolvimento e a distribuição de bens informacionais, desorganizando velhos modelos de controle da indústria cultural e dos serviços de telecomunicações, assim como lançando os grupos econômicos em uma feroz disputa pelos fluxos de riqueza. Ao mesmo tempo, as redes digitais estão aprofundando as contradições do capitalismo cognitivo, ampliando os espaços democráticos da crítica, da criação cultural e da diversidade, bem como abrindo espaço para a emergência de uma esfera pública interconectada, com um potencial mais democrático que a esfera pública dominada pelos mass media. Nessa esfera virtual, de alta interatividade, o autor mostra que o  debate sobre a democratização das comunicações está sendo reconfigurado e deverá incorporar as idéias de espectro aberto e de cooperativas de conexão compartilhada.

Alex Primo
Fases do desenvolvimento tecnológico e suas implicações nas formas de ser, conhecer, comunicar e produzir em sociedade

 Ao receber o convite para palestrar no ciclo de debates, Além das redes de colaboração: diversidade cultural e as tecnologias do poder, o autor buscou fazer um levantamento de como as tecnologias se transformaram com o tempo e como elas mesmas transformaram o seu tempo. Para observar esse processo recursivo, conduziu uma longa viagem histórica que apresenta  aqui.
 Este capítulo visa antes levantar questões para o debate do que conduzir uma pormenorizada argumentação. Para esta discussão, o autor utilizou a proposta de Lemos (2002) de três grandes fases do desenvolvimento tecnológico: a fase da indiferença, que vai até a Idade Média; a fase do conforto, que corresponde à modernidade, e a fase da ubiqüidade, ou pós-modernidade. Não podendo  demarcar, precisamente, a passagem da modernidade para a pós-modernidade.
Sendo assim, o autor Utilizou a delimitação dessas fases como estratégica para esta argumentação
A partir da tipificação de Lemos, conduziu neste texto uma discussão sobre como se caracteriza nas três fases, o conhecimento, a autoria, a educação, a economia,  os processos midiáticos e  as características da Web nos períodos do conforto e da ubiqüidade. Além disso, apresenta , as metáforas usuais de cada fase.

João Brant
O lugar da educação no confronto entre colaboração e competição.

 Nesse capítulo o autor relata a compreensão do papel da educação na luta pela prevalência da colaboração e do compartilhamento sobre a competição e o aprisionamento do conhecimento que depende da elaboração sobre esse conjunto de fatores. Fala que é preciso libertar a própria educação dos modelos de competição e aprisionamento do conhecimento que a cercam e identificar como ela pode ser um fator de reforço da liberdade ou do aprisionamento do conhecimento. Cita que a defesa da liberdade do conhecimento não é uma simples questão de opção ideológica, mas uma postura a favor da luz e contra as trevas.
Assim, segue intensificando ser essencial entender o modo como se organiza a apropriação capitalista da informação e do conhecimento, e sua
dependência de escassez artificial, e identifica o papel da tecnologia como componente político fundamental, longe de uma suposta neutralidade.
O autor assinala que num cenário em que a internet e os meios de comunicação se colocam como arena de várias batalhas entre colaboração e
aprisionamento, cabe à educação funcionar como um espaço de crítica e (re)significação – papel que, aliás, sempre coube a ela em relação a todos os processos.
O autor finaliza  dizendo que a  defesa da liberdade do conhecimento representa a afirmação de uma nova cultura que resgata os valores da colaboração e do compartilhamento – tão antigos quanto atuais –, em enfrentamento a Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder uma cultura arcaica, a qual se afirma pela tentativa de aprisionar artificialmente o conhecimento que é livre por natureza.

 Nelson De Luca Pretto | Alessandra Assis
Cultura digital e educação: redes já!

Os autores defendem nesse capítulo que a articulação entre a cultura digital e a educação se concretiza a partir das possibilidades de organização em rede, com apropriação criativa dos meios tecnológicos de produção de informação, acompanhado de um forte repensar dos valores, práticas e modos de ser, pensar e agir da sociedade, o que implica na efetiva possibilidade de transformação social.                                         Os autores vislumbram do ponto de vista tecnológico, um futuro, que já é presente, e a necessidade de políticas públicas que garantam às escolas e os grupos comunitários o acesso livre a esses equipamentos, criando condições para a produção e o consumo de informações e, com isso, termos a possibilidade de sonhar com Anísio Teixeira, que em 1963 já afirmava que as escolas do futuro mais se pareceriam com emissoras de rádio e televisão. Finalizam questionando. “Será distante, ainda, esse futuro?”

Giba Assis Brasil
Politizando a tecnologia e a feitura do cinema.

Segundo o autor, o cinema como qualquer invenção, é o resultado do  desenvolvimento do trabalho de uma série de inventores, trabalho que se dá por colaboração e também por competição, e isso em um período particularmente rico do avanço tecnológico da humanidade, que foi o final do século XIX.
O autor segue no capítulo, retratando  a história do cinema desde o séc. XIX, falando sobre as histórias do profº Pardal e tio Patinhas, mostrando porque o modelo Edison se contrapôs em um determinado momento ao modelo Lumiere, e porque o modelo Lumiere foi o que terminou prevalecendo; seguindo até os dias de hoje onde a tecnologia digital que está mudando o cinema desde a metade dos anos 1990, e que certamente vai mudar ainda mais nos próximos anos, teria um papel democratizante ou concentrador.
     
Pedro Antônio Dourado de Rezende
Custo social: propriedade imaterial,software, cultura e natureza1
 Neste capítulo o autor faz duas analogias, a primeira compara o papel atual do software ao das sementes nas primeiras sociedades agrícolas. Dizendo que temos aqui uma metáfora distante, pois o modelo de sociedade do qual estamos saindo não é mais primordialmente agrícola, mas, sim, industrial. Assinala que mesmo a sociedade brasileira, que na periferia do capitalismo ocupa uma posição eminentemente agrícola, tem hoje seu esteio no agronegócio, na mecanização da lavoura e da pecuária. Reitera que para falar do que há além das redes de colaboração, da diversidade cultural e das tecnologias do poder, precisa-se  enriquecer essa metáfora.
A segunda e última analogia, diz que software é uma forma de arte pós-moderna. A arte de canalizar vontades através de hardware, isto é, através das funções lógicas de algum dispositivo que processa sinais eletrônicos. A arte de programar, que produz, quando essas funções abarcam a computação digital, obras que se expressam em programas de computador. Seguindo essa analogia, quando o sentido da obra pressupõe interação com outros programas, ela ganha, como objeto técnico, a denominação de software. Quando a obra se expressa na linguagem em que foi criada, diz-se que o software está em código-fonte; e quando se expressa na linguagem lógica de um determinado dispositivo, capaz de executá-la (como a uma partitura musical), diz-se que o software está em código-objeto.
Segundo o autor, em sua contínua evolução, a arte de programar foi criando um rico ecossistema, com arquitetura e métodos de codificação estruturada, os quais se sobrepõem em camadas modulares.

Marijane Vieira Lisboa
Cultura e natureza: o que o software tem a ver com os transgênicos
  
O autor afirma nesse capítulo que os transgênicos, têm muita coisa a ver com o software, assim como o movimento do Software Livre tem tudo a ver com a luta por uma agricultura e alimentos livres de transgênicos.
Assinala que o adjetivo Livre em ambos movimentos significa a mesma coisa, ou seja, o esforço para impedir que o conhecimento produzido coletivamente, quer em informática, quer sobre a natureza, seja apropriado privadamente e utilizado em proveito de umas poucas empresas, com prejuízos para o conjunto da sociedade. Segundo o autor, ao lutar contra essa privatização e mercantilização do conhecimento, ambos os movimentos resgatam, protegem, desenvolvem e disseminam os conhecimentos coletivos de forma coletiva e para a coletividade, fortalecendo modos de vida solidários, democráticos e sustentáveis de se
Viver, produzir e consumir.

Pedro paranaguá

Direitos autorais, novas tecnologias e acesso ao conhecimento

O autor crítica a extensão do prazo de proteção dos direitos autorais e afirma que essa proteção não visa na verdade proteger os direitos de todos e sim das grandes empresas que enriqueceram quando no passado essa lei não existia.
Cita as críticas feitas por Joseph Stiglitz, ao sistema de direitos autorais do séc. XXI, acrescentando que tudo indica que países hoje ricos tentam impor uma proteção maximalista ao restante do mundo. Acrescenta também que esses mesmos países somente tiveram a oportunidade de enriquecer e de se desenvolver porque há alguns anos,quando não eram desenvolvidos, não ofereciam proteção ou essas eram mais brandas, as criações na área artística (autorais) e a inventos industriais ( patentes).
Ressalta que a Organização Mundial da Propriedade Intelectual(OMPI), criada em 1967 para “ proteger” direitos de propriedade intelectual, foi concebida por advogados que tinham como clientes empresas interessadas em tal proteção.

 Carlos gerbase
A fabricação da verdade no debate sobre direitos autorais no Brasil
  
O capítulo é segundo o autor uma mistura de constatações de base histórica e crítica - em que a teoria de Foucalt aparece como base e algumas breves incursões no que está acontecendo  neste momento no Brasil, em polêmicas que envolvem sujeitos concretos, em plena discussão política.
A realidade se impõe: a distribuição de filmes, vídeos, produtos de TV e demais obras baseadas em imagens em movimentos com som sincronizado não é mais a mesma.Na era das redes, os  modelos de exploração econômica desses produtos já mudaram.A circulação das obras dá-se, inevitavelmente, em dois planos: o oficial, que ainda funciona da maneira antiga, em que o espectador paga para assistir a um determinado espetáculo; e o alternativo, também conhecido como “pirataria”, em que o espectador atua à margem do sistema e obtém o que quer baixando conteúdos disponíveis na rede, ou comprando uma cópia clandestina num vendedor ambulante, mesmo que esses atos sejam, teoricamente, ilegais. Segundo o autor o governo brasileiro já reconhece a impossibilidade de deter completamente a exploração informal das obras audiovisuais.
A intenção desses capítulo é refletir sobre esse momento partindo da análise de falácias que costumam permear o debate sobre pirataria e direitos autorais, assim como comparar alguns modelos que estão sendo apresentados para esse novo cenário tecnológico e cultural, tentando detectar, nos diversos discursos e proposições, os jogos de poder que se escondem sob os argumentos supostamente “ilegais”. De acordo com o autor direito autoral se refere a um sujeito que vive (no Brasil, com imensas dificuldades) de sua capacidade criativa e direito patrimonial (ou comercial) se refere a empresas, ou conglomerados de empresas, quase sempre de grande proporções, que lucram – direta ou indiretamente – com a exploração das obras audiovisuais criadas pelos autores. Ao confundir essas duas esferas no âmbito da expressão “ direito autoral”, escondem-se os interesses econômicos de maior monta sob a figura do “pobre autor que está sendo roubado “. Essa operação funciona há séculos no mundo dos livros, passando depois para a música, para a fotografia, para o cinema e para o audiovisual.

Bruno magrani
Função social do direito de autor: Análise crítica e alternativas conciliatórias

Segundo o autor o direito autoral deve ser entendido como um sistema amplo de incentivo à produção intelectual artística, em que são garantidos não só, os direitos individuais do autor, como também os interesses da sociedade. Isso tem sido feito através da concessão de um monopólio de uso ao autor por um lado, e do estabelecimento, por outro, de um prazo limitando tal proteção, bem como da previsão de limitações e exceções à exclusividade concedida. Em resposta ao movimento de maximização do direito do autor que alterou o equilíbrio entre os direitos contemplados nesse sistema, parte da doutrina iniciou a defesa da ampliação do princípio constitucional da função social da propriedade ao direito de autor, estendendo consigo os institutos da desapropriação e do abuso do direito. Essa extensão, entretanto, segundo o autor , apresenta diversos problemas de natureza conceitual e prática,  ressaltando  que a natureza jurídica do direito de autor e da propriedade é essencialmente diferente e, segundo ele, do ponto de vista conceitual, o direito de propriedade apresenta como principais características inconciliáveis com o direito de autor:  a perpetuidade do prazo de proteção, a possibilidade da transferência através da entrega do bem e  a escassez econômica imanente aos bens materiais.  Por seu turno, os direitos autorais:  têm prazo limitado de proteção, não podem ter o componente de direito moral transferido e, mesmo os direitos patrimoniais não podem ser transmitidos pela entrega do bem, e por sua natureza incorpórea, não apresentam escassez imanente, sendo esta derivada exclusivamente em função da lei. Além dos problemas de natureza conceitual, a identificação dos direitos autorais com os direitos de propriedade pode gerar outras conseqüências colaterais de médio e longo prazo nos campos político e da interpretação judicial e cotidiana da lei, devendo por isso ser rejeitada. O autor trás como alternativa argumentativa, o fundamento nos princípios constitucionais da liberdade de expressão, liberdade de informação e na garantia do pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional apresentam maiores vantagens, sem, contudo, gerar os efeitos colaterais do discurso da função social da propriedade. Dessa forma, o uso de tal princípio no âmbito dos direitos autorais deve ser evitado, privilegiando-se, em seu lugar, o recurso direto aos princípios do inciso IX e XIV do artigo 5°, assim como do artigo 215 da constituição Federal.

Thiago Falcão/Carlos Eduardo C. Freire Batista/ Guido L. de Souza Filho
A convergência midiática e o papel da televisão digital interativa com ginga

O autor ressalta que a cultura de massa que gerencia nosso dia-a-dia criou novas formas de realidade – sem falar ainda aqui de realidade virtual, mas da própria “realidade real”, que, ao ser veiculada, reproduzida pelos meios de comunicação, ganha uma legitimidade que dá medo.
Afirmam que, a televisão segue a tendência mundial do movimento de digitalização e  assinalam a primeira onda de impacto, já sentida internamente por várias redes de TV brasileiras, é a necessária substituição dos equipamentos de captura, edição e transmissão interna de áudio e vídeo analógicos, por similares digitais, visando à melhoria da imagem e do som.
A segunda onda de impacto, a ser sentida pelo conjunto da sociedade, é a necessária adoção de um padrão uniforme de sistema para codificação, transmissão, modulação, difusão e recepção digital de programas de televisão.
Dentre as inovações propostas pelos pesquisadores engajados, está o coração da interatividade da TV Digital brasileira: o Ginga, opção brasileira de middleware, que, além de ser compatível com os padrões internacionais ITU3 J.200, J.201 e J.202, agrega funcionalidades inovadoras que colocam o Brasil na vanguarda da tecnologia em TV e aumenta exponencialmente o universo de aplicações possíveis. As funcionalidades inovadoras do Ginga-J, providas por suas API (Application Program Interfaces – bibliotecas de funcionalidades para desenvolvimento de aplicações), permitem o desenvolvimento de aplicações avançadas, explorando a integração com outros dispositivos, tais como telefones celulares, PDA, etc. Uma vez que essas funcionalidades são todas implementadas utilizando-se protocolos comuns, tais como Bluetooth, USB, WI-FI, entre outras, o Ginga é compatível com diversos dispositivos. Os autores assinalam que as funcionalidades inovadoras oferecidas pela API Ginga de integração com dispositivos permitem o uso de diversos dispositivos de interação para comunicação com o receptor que hospeda o middleware Ginga, e viabilizam que as aplicações interativas utilizem os recursos disponíveis nesses dispositivos. O paradigma foi quebrado, e agora o telespectador não é mais um ente passivo – podemos chamá-los de usuários. O desafio tecnológico está lançado. Resta agora que os produtores de conteúdo e difusores do mesmo se adaptem, evoluam e inovem à luz das novas possibilidades, principalmente no tocante à intensa troca de informações (feedback imediato), ressalta os autores. E por fim assinalam que a  tecnologia viabiliza, então, uma TV participativa, na qual temos usuários em detrimento de “pontos de audiência”, convidando todos  a mais uma reconfiguração do mundo

Depoimentos:

Luiz  F. Soares
Televisão digital colaborativa: Liberdade para criação?

O autor trás neste capítulo a questão da liberdade de acesso à informação chegando a outro ponto importante, que é a liberdade de criação da informação.
Mostra que a TV digital trás além de imagem e áudio de alta qualidade outros dados e vídeos de um programa, que vão compor o conteúdo e os aplicativos que vão ser exibidos na Tevê. Esclarece que o desenvolvimento desses aplicativos e desse conteúdo para a Tevê são fundamentais, para o país e são Também fundamentais para a questão, por exemplo, da inclusão social.
Ginga é o nome dado ao middleware do sistema brasileiro de TV digital. Segundo o autor o middleware “Ginga” é um software que dá suporte ao desenvolvimento de aplicações e ao desenvolvimento de conteúdos, ou seja quando o conteúdo tiver algo a mais, como, por exemplo, permitir a interatividade do usuário, possibilitar a exibição de outros objetos, de informações adicionais, entre outros, o que estiver na TV digital estará sendo exibido sob suporte dessa camada de software chamada middleware que dá suporte ao desenvolvimento desses aplicativos, através da utilização de linguagem imperativa, o Java, ou linguagem declarativa, que são linguagens de mais alto nível.
O autor assinala que com a digitalização do sinal, em uma banda de 6MHZ do espectro, cabe muito mais do que um único sinal de Tevê e isso seguramente democratizaria ainda mais a transmissão, fazendo com que as pessoas pudessem não só gerar, mas transmitir conteúdos, isto é, quando cada um de nós, dentro de casa, na comunidade, escola, associação de bairro, dentro de qualquer um desses lugares, puder gerar conteúdo e distribuí-los como se fosse os um radiofusor.
 Ressalta que essa realidade virá e nós temos que nos preparar para que ocorra o mais rápido possível para bloquear as forças que tentam retardar o processo.
Finaliza dizendo que é quanto a isso que temos que nos mobilizar, ou seja, é uma luta não só pela liberdade de transmissão, pela democratização no sentido de distribuição de armazenamento de conteúdo, mas também pela criação de conteúdos.

Lena Zúniga
Os desafios do conhecimento coletivo e anônimo

A autora relata sua experiência de trabalho numa cooperativa de trabalhadores na Costa Rica e fala da busca por formas de explicitar o conhecimento coletivo e disponibilizá-lo a serviço da ação para mudança social.Conhecimento coletivo é o conhecimento do qual não se pode definir uma autoria especifica.
Segundo a autora grande parte do conhecimento que fez com que avançássemos como cultura, é anônimo e acrescenta que o anonimato nos permite nos apropriarmos de forma coletiva do conhecimento e transformá-lo muitas vezes sem preconceitos acerca de sua origem que se perderam no tempo.
Por outro lado fala que o anonimato também pode ser usado para alimentar más intenções e aumentar a desinformação.
E finaliza dizendo que esse é um assunto muito vasto e que o anonimato gerou respostas tecnológicas e respostas sociais muito diversas. O espaço anônimo da internet é essencial para que ela continue sendo um espaço de criação coletiva e livre.

Ézyo Lamarca
Cabanagem digital, tecnobrega e software

O autor compara o movimento cabanagem que, foi a mais importante revolta popular do período regencial entre 1835 e1840 na província do Grão-Pará em Belém,  com as manifestações de hoje com o povo reagindo nas ruas contra sistemas opressores.
Explica que o movimento Tecnobrega surgiu da mistura do brega paraense com o tecno( música eletrônica, tornou-se popular nas festas de Aparelhagem, que ocorriam nas periferias de Belém no começo dos anos 90 e chegando ao status de megasucesso musical em programas de auditórios em meados da primeira década do séc. XXI.
Relata que o grande mérito do tecnobrega reside no fato da subversão da forma de divulgação e produção das músicas, CD DVD, que se dá em estúdios caseiros, semiprofissionais, sendo que a partir desse ponto o trabalho de divulgação passa a ser de camelôs chamados de "pirateiros" pelos tecnobregeiros.
O autor assinala que o movimento do Software Aberto, desde a sua vertente mais filosófica e libertária (Software Livre – Free Software), até sua vertente puramente técnica (Código Aberto – Open Source), constitui outro bom exemplo de Cabanagem Digital. E, nesse caso, é uma Revolução Cabana sem fronteiras, uma vez que os desenvolvedores, engenheiros, tradutores e usuários do Software Aberto estão espalhados pelo mundo inteiro. É possível traçar paralelos e entender o que torna esses movimentos tão revolucionários e irrefreáveis, à revelia das tentativas dos grandes poderes econômicos constituídos de desarticulá-los e mesmo esmagá-los por completo.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
 B Negão
 “Cara eu botei lá a parada, você não tá me prejudicando, você tá me ajudando, bota lá baixa a parada”
  
O autor relata sua caminhada musical até chegar ao uso da internet, valorizando a troca de informações e coletividade existente na rede.
Fala de como a internet ajudou a repercutir em vários países o seu trabalho e da sua banda, quando as músicas foram disponibilizadas para a população baixar gratuitamente na internet.

Marcelo Tas 
Para um bom uso das novas ferramentas, observem as crianças

O autor fala sobre o que a convergência digital e a TV pública tem a  ver com a diversidade cultural e sua experiência com o usuário, com o público nas diversas mídias  onde vem trabalhando nas últimas duas décadas. Ressalta que a convergência digital e a TV Pública podem fazer coisas incríveis para a diversidade cultural brasileira.
O autor aborda também o uso das mídias de antigamente como rádio, TV, telefone, toca-discos, jornal..., fazendo um paralelo com as mídias de hoje, citando internet, game, celular, Messenger, mp3, comunidades virtuais, como sendo as mídias usadas hoje pelos jovens, as quais superam as antigas por terem velocidade, interatividade, tecnologia digital; salientando que com as mídias atuais além de receber informação, também se pode comentar e enviar seu próprio conteúdo.

Análise crítica da obra:

Os autores abordaram diversos temas que às vezes se cruzavam; temas voltados para a disseminação do conhecimento e produção coletiva no âmbito das tecnologias de informação e comunicação, evidenciando as possibilidades, riscos e potencialidades que as tecnologias trazem para a diversificação da cultura.

Recomendação da obra:

Recomendo este livro aos profissionais da área de educação, e outras áreas de conhecimento, assim como estudantes que se interessam pela temática da tecnologia e redes colaborativas, pois o livro reúne várias vertentes que trazem contradições e possibilidades de criação e disseminação cultural assim como, discute políticas públicas
Voltadas para as redes de informação.


Miralva Araújo Ramos, aluna do curso de Especialização – Tecnologias e Novas Educações-FACED/UFBA.

ÉTICA HACKER

As explicações, as leituras, as buscas em sites, me fez mudar de opinião com relação aos hackeres. No  meu pensar, hacker era uma pessoa com conhecimento tecnológico muito avançado que invadiam, roubavam, destruíam, clonavam, usavam, apagavam, modificavam..., os sistemas que mais lhe eram  interessantes em detrimento de si mesmos, tornando-os delinquentes tecnológicos, porém percebi que, estes são crackeres.
Ser hacker é na verdade contribuir com o avanço tecnológico, desenvolvendo softwares que possam ser usados por todos, é participar do conhecimento coletivo, é ajudar sempre....

CIBERCULTURA

Cultura da leitura e da escrita de forma ampla pois, trás possibilidades de ampliar a leitura através de conteúdos em várias línguas, reconstruindo assim um novo pensar.
Com a cibercultura pode-se ler e escrever sobre o que interessa, de forma aberta através dos blogs, msns, twitter..., sem que para isso seja preciso autorizaçao.

O QUE É VIRTUAL?

Virtual é tudo que não se encontra concretamente, mas sim através de informações e simulações.
Tudo que se relaciona às comunicações via internet chama-se virtual, amigo virtual, conversa virtual,etc.