Por Miralva Araújo Ramos
No documentário Criança alma do negócio, pode-se notar o que o autor Neil Postman relata em seu livro, O desaparecimento da infância, pois em uma velocidade alarmante segundo o autor a infância está sumindo.
Diante do apelo abusivo das propagandas televisivas, percebe-se o direcionamento das crianças para um mundo consumista, onde a mídia encontrou uma maneira para ganhar cada vez mais, sendo as crianças o veículo usado para atingir o público adulto, os pais, que são influenciados diretamente pelos filhos para consumir, comprar produtos que muitas vezes eles não puderam ter na sua infância.
Segundo a prof.ª Elizabete Dantas, em uma palestra na FACED/UFBA em janeiro de 2011, publicidade é o que envolve todo o conjunto formado por veículos, agências, ações,etc., assim como toda ação recebida do meio de forma espontânea, não paga, nesse contexto as crianças servem como mecanismo de publicidade para os grandes empresários que aproveitando-se de sua inocência as transformam em peças chave para a venda de seus produtos, muitas vezes prejudiciais à saúde dessas crianças.
Antigamente, eram raras as famílias que possuíam TV em casa as crianças não tinham acesso a propagandas televisivas, pelo menos nas classes mais baixas da população, as brincadeiras e brinquedos eram produzidos pelas próprias crianças com os ensinamentos passados de geração em geração, dava-se valor as cantigas e brincadeiras de roda, pega-pega e outras. Hoje já não se ouve falar mais nessas brincadeiras e brinquedos, salvo em algumas escolas que lutam para resgatar esse costume, porém não encontram apoio da sociedade capitalista em que vivemos, onde o que fala mais alto é levar vantagem.
Segundo o IBGE hoje, a criança brasileira é a que mais assiste a TV, cerca de 4 horas e 51 minutos por dia, fazendo com que cada vez mais o desejo de consumo seja aumentado, tornando as crianças escravas do erotismo, das marcas e logotipos da moda.
No Brasil existe um projeto de lei 59231/01, que proíbe publicidade direcionada ao público infantil, a qual segundo o deputado federal Emiliano José (PT-BA), um dos autores do requerimento para realização do seminário que aconteceu em 17/05/2011 sobre o referido projeto não será fácil a sua aprovação, pois segundo ele, as empresas de publicidade, que deveriam participar do debate, argumentariam que os pais é que são responsáveis e eles não tem nada com isso. Concordo com o deputado quando diz que, vivemos na sociedade da propaganda, da venda de marcas, de ilusões, da mistificação publicitária, que é normal. Mas a criança não pode ser utilizada como espécie de estímulo para esse consumismo, sendo assim cabe aos brasileiros esperar e confiar no bom senso dos governantes.
REFERÊNCIAS:
ALANA, Instituto. Infância e Consumo: estudos no campo da comunicação. Coordenado
por Veet Vivarta. Brasília: ANDI, 2009.
POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro, Graphia, 1999.Tradução:
José Laurenio de Melo e Suzana Menescal.
REFERÊNCIAS VIRTUAIS
BRASIL. Projeto de Lei 5.921/2001. Disponível em <http://www.redeandibrasil.org.br/empauta/lei-que-proibe-propaganda-infantil-divide-opinioes/>. Acesso em: 23/05/2011
CONAR. Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária. Disponível em: <http://
www.conar.org.br>. Acesso em: 23/05/2011
http://www.emilianojose.com.br/?event=Site.dspNoticiaDetalhe¬icia_id=788, acesso em 23/05/2011